Friday, November 17, 2006

Primeiro veio o silencio, a pausa do olhar, depois a compreensão mutua dos dias distantes, a saudade de estar ali…
Ontem era a incógnita do momento, hoje é a certeza da sabedoria antiga, eu murmuro, tu falas baixinho, são ouvidos que não ouvem palavras destas á muito tempo, depois ficamos iguais…
Foi daqueles dias em que o refugio era o melhor silencio de todos, dias em que o mundo la fora não me prepara para a violência das mensagens de rua, existem dias em o refugio da amizade é o melhor lugar do mundo…Obrigado Gonçalo…
Ficava-se ali no desespero das palavras que se trocam entre serem ditas e serem ouvidas, por vezes alguém as escrevia ou ate mesma cantava, o Sr. Lá de trás confirmava as virgulas, e os pontos de exclamação, subia e descia o volume como bem lhe apetecia…Era surdo porque o ruído era imenso, constrangedor até.

São de certa forma, formas ornamentadas de cor, o desejo de todos os dias.
Toda a gente espera um numero, o seu numero, o a seguir, eu tenho um numero em mim, que não me deixa atravessar o sol nascente, eu sou filho do meu pai, tenho um numero em mim…Gosto tanto de te ver correr.
Sigo o exemplo, sigo-os pela rua, sigo-os para dentro do carro, sigo-os por entre o motor…Falamos muito alto e prolongado porque o carro alimenta-se de palavras e o meu vocábulo é pobre em sentenças ricas.
Encostado a este canto a perspectiva do passeio é apertada. Encosto-me ao meu reflexo e ouço o desespero das palavras maltratadas, eles falam, comunicam, engasgam-se nos conjuntos de letras que faltam no meu dicionário.
Um ruído substancial que não me deixa escrever, movimentos encaixados entre os transeuntes, eu sou cego, eles são surdos, murmuram e suspiram a alto e bom som…Primeiro um café, um pastel de nata, um moscatel, acessórios de uma noite á descoberta…A televisão tinha uma imagem granulada, volumosa em ruído…Todas as palavras que tu lês não são um quarto do que eu desenhei.
De súbito as palavras não dizem o ke pensam, falar sem ponderar…Eu leio, tu escreves Ou será ao contrario?
Uma barulheira imensa que não me deixava desenhar, movimentos súbitos entre as cadeiras e as mesas;eu olho, eles olham, berram e gritam sem que ninguém os ouça…Primeiro um café, depois uma torrada e um aperitivo, complementos de uma manhã submersa…A televisão tinha um volume quase ruidoso…Tantas palavras com tantos significados, eu escrevo, tu lês.
Um outro sujeito encostado ao balcão, eu e o meu reflexo, umas outras palavras que eu nunca digo…Escrevo como um desenho porque o barulho e a poluição sonora são colossais.